Dei por mim com a cara colada ao chão da casa-de-banho, num estado de cansaço tal, que me fez até ignorar o frio que sentia. Foi nesse gelado momento que recordei a conversa que tive com a minha mãe quando terminei a licenciatura e daí parti até ao agora.

Dei por mim com a cara colada ao chão da casa-de-banho, num estado de cansaço tal que me fez até ignorar o frio que sentia. Foi nesse gelado momento que recordei a conversa que tive com a minha mãe quando terminei a licenciatura e daí parti até ao agora.

“Vamos abrir uma loja?” Disse eu em tempos à minha mãe. De volta recebi um daqueles olhares que só as mães sabem “disparar” e percebi que vinha aí um “Ganha juízo miúda!”. Encaixei a mensagem, coloquei a mochila nas costas e lá fui enviar currículos.

Verdade é que, depois de enviar os currículos, passei pela indústria e pelos serviços.

No corre-corre dos números fui crescendo profissionalmente e quando, após muitos anos intensos de trabalho e algumas estrelinhas da sorte, me convidaram para uma nova posição disse à minha mãe – “Ganhei juízo, Mãe!”. E, no olhar de mãe, havia orgulho.

Ainda hoje consigo ver o orgulho que a minha mãe tem na minha vida agitada. Corro, batalho contra o tempo como se fosse um inimigo, trabalho e trabalho mais e só depois volto para casa, para o aconchego da minha vida. Para a minha filha, para o meu marido e para a minha mãe.

E, um dia, nesse aconchego disse à minha mãe “Vou abrir uma loja!”. Disse com a convicção de uma quarentona que trabalha e adora o que faz, é mãe e adora a família e passa os dias a queixar-se que não tem tempo para nada :D

Desta vez a minha mãe não olhou só… Disse-me “Embora lá a isso!”

Obrigada, mãe! Sim, sei que tenho muito trabalho pela frente e que reclamarei ainda mais com o relógio. Sei que haverá momentos mesmo muito difíceis em que questionarei tudo e todos. Mas, acima de tudo, sei que me faz feliz e, acredita, esta loja, este projeto de nadar até Marte completa-me.

Levantei-me do chão da casa-de-banho e sinto-me nova! Este minuto bastou-me para perceber que quero muito ver a Guppy crescer e quero crescer com ela.

Por isso, venham daí desafios! Sabem como vou responder? Vou brincar e ser feliz, ainda que por momentos, me tenha de deitar no chão da casa-de-banho.

Mara

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